106 - O Dia em que Você Nasceu

Você nasceu no último dia do quinto mês do nono ano do século vinte e um; faltavam vinte minutos para o meio do dia de domingo.
Dia cinzento e frio, mas mesmo dias assim têm lá sua beleza (olha Você aí!).
À tarde choveu. Preocupado com as telhas e as goteiras, seu tio não pôde ir vê-la. Mas a alegria dele ao saber que Você tinha chegado foi plena.
Assim como a emoção da Matriarca, que chorou de alegria.
Eu fiquei com olhos úmidos, mas Coruja que sempre fui, controlei a emoção e saí para trabalhar.
A noite estava linda e por incrível que pareça, com temperatura amena.
Cheiro de terra molhada, atmosfera lavada e a Meia Lua em céu de azul profundo, brilhava.
Uma energia nova cercava toda a família: Você, Menininha.

No dia seguinte, um frio daqueles e quase congelando na estação do metrô, esperei sua avó para juntas checarmos o motivo de tanta alegria e ansiedade.
Um sol brilhante nos acompanhou até a maternidade e finalmente, envolta em macacãozinho e cobertor cor-de-rosa, conhecemos quarenta e nove centímetros, três quilos e duzentos e trinta e cinco gramas de pura formosura: Você.

A família não comeu direito, não dormiu direito esperando sua chegada. Rezando e torcendo para Você chegar sem atropelos.
Se tanta ansiedade e torcida valeu a pena? Muito.
No dia em que Você nasceu, Menininha, cada um de nós renasceu com e em Você.
Nos tornamos, mais avó, tio e tia, pai e mãe, primos - saltamos um degrau a mais em nossa existência.
Ser humano bonito, esperado e acima de tudo Amado.
Seja Bem-Vinda.
Agradecemos a honra de ser a partir de agora Sua Família.
Menina Linda.




Imagem: Camille Allen e Google Images